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Projeto de Pesquisa 2

A (in)visibilidade das mulheres na música erudita no Brasil

2018 – Atual

A invisibilidade ou ausência da presença feminina durante toda a história da música ocidental clássica é naturalizada no meio. A assustadora exclusão de nomes de compositoras apresentadas em disciplinas no curso de música aponta para o silenciamento da figura feminina no meio acadêmico e, principalmente, na formação dos futuros educadores musicais. Além disso, este fato aponta para a hierarquização de conhecimento e a não comunicação das diferentes experiências artísticas da figura feminina como parte da construção do pensamento e da arte.

Este projeto visa discutir a representação das mulheres na música erudita brasileira, a partir de conceitos do feminismo e da política. Para tanto, verificamos e contabilizamos o número de mulheres em diferentes meios musicais como, por exemplo: 1) como os meios de comunicação divulgam e descrevem o trabalho realizado por mulheres; 2) mulheres atuando em posições de destaque (compositoras, maestrinas, solistas, etc.) na música; e 3) na pesquisa científica em música.

Coleção “Grandes Compositores da Música Clássica”, Editora Abril, 2009. A coleção é formada por 40 volumes, contemplando 37 compositores sendo os 37 do gênero masculino.

Acreditamos que trabalhos quantitativos sobre o papel das mulheres em áreas específicas podem contribuir para a discussão sobre a reprodução da hierarquia do conhecimento e a representatividade feminina. Os resultados apresentados neste projeto são significativos e apontam para a diferença de gênero em relação às funções de prestígio, expressando, assim, a estrutura dos saberes e a inserção das mulheres no campo político das instituições.

É importante destacar que este projeto é um estudo exploratório, ainda em fase inicial, de uma pesquisa quantitativa que busca problematizar conceitos e noções importantes para a compreensão das dinâmicas sociais em torno da questão de gênero, com enfoque para a desigualdade de oportunidades no meio musical, a ausência ou invisibilidade da presença feminina em posições de destaque e as formas de poder e dominação da figura masculina

Número de compositores performados pela Orquestra do Estado de São Paulo (OSESP) entre os anos de 2000 e 2019, por gênero, sendo as barras azuis a representação dos homens e as amarelas o número de mulheres.

Este projeto de pesquisa iniciou-se com um grupo de estudos, com alunas do departamento de Teoria da Arte e Música na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que investigava o mercado de trabalho musical para as mulheres, sendo elas compositoras, instrumentistas, pesquisadoras, engenheiras de som, etc. O grupo também deu origem a trabalhos artísticos como, por exemplo, Elas por Elas, grupo de musicistas tocando compositoras (veja mais informações sobre o ensemble em ELAS POR ELAS).

Em 2020 o projeto de pesquisa “deu” voz as musicistas através do documentário TACET. No filme, Sara, Catarina e Catherine, contam, através de suas experiências, como é ser uma mulher na música erudita no Brasil.